Transforme sua trajetória em um portfólio de oportunidades
Da série: A sua Inteligência Humana no futuro do trabalho
Continuando a nossa série do mês sobre as habilidades essencialmente humanas para navegar no futuro do trabalho… Na semana passada, falamos sobre a habilidade de encontrar nosso norte (se você perdeu clica aqui), aprendendo a nos conectar com o que genuinamente nos move. Agora, a pergunta que surge: como enxergar novas possibilidades de caminhos nessa direção?
É tanto tempo fazendo a mesma coisa que fica difícil nos vermos como algo diferente do nosso cargo, do que estudamos e a profissão que escolhemos, das áreas ou dos papéis que tivemos. São as famosas "caixas” que o mercado (ou nós mesmos) nos coloca e nos limitam.
Eu lembro que lá no meu início de carreira, isso já me incomodava. Eu havia me formado em Publicidade e trabalhava na área de Marketing, mas o que menos havia feito até então era atuar como publicitária ou marqueteira; e mesmo assim esses eram os "rótulos” que eu precisava usar para pode existir no mercado.
São rótulos que viemos carregando e que acabam por limitar a visão que temos de nós mesmos. E em um momento no qual o mundo do trabalho passa por uma reconstrução, é isso o que precisamos mudar. Começar a enxergar além de crachás, cargos e currículos será uma habilidade essencial para mapearmos novas rotas nesse cenário. Mas por onde começar? Continua por aqui…
Photo by Francis Bouffard on Unsplash
Quebrando a linearidade da carreira (e da vida!)
Por muito tempo, fomos condicionados a pensar na carreira como uma linha reta, uma progressão de cargos em uma determinada ordem. E o currículo tradicional, com sua lista cronológica, reforça isso.
Mas em um mundo em constante mudança (e no qual viveremos cada vez mais), essa imagem de estudar, trabalhar e se aposentar na mesma profissão está morrendo. Precisamos aprender a olhar para a vida como um conjunto de ciclos, e a nossa carreira como mais um mosaico e menos uma escada.
É o que o filósofo Charles Handy lá na década de 90 chamou de “career portfolio” (e o que o levou a figurar na lista dos grandes pensadores da época) e que, mais recentemente, foi exposto pelo futurista Rishad Tobaccowala na última edição do SXSW. Ou seja, menos uma carreira singular e mais um portfólio de carreira com atuações múltiplas – o que não significa ser tudo ao mesmo tempo, ok. Uma coleção de projetos e experiências que compõem quem você é e que não se trata apenas do “emprego formal”, mas tudo o que você fez e ainda quer fazer na vida.
Quer ver um exemplo? Uma pessoa que se formou em Engenharia, participa da comissão de organização dos eventos da comunidade e tem uma paixão por fotografias, por isso decidiu em algum momento da vida viajar para visitar os países com as mais belas arquiteturas. Nada disso provavelmente entraria no currículo desse profissional, mas em seu portfólio com certeza; e isso abre muitas outras possibilidades não-óbvias de atuação. É uma nova maneira de pensar e criar seu futuro se enxergando além do cara-crachá.
Montando sua playlist de habilidades
Se isso exigirá cada vez mais de nós flexibilidade para sairmos da rigidez das caixas de profissões e cargos, precisamos ao mesmo tempo buscar combinações únicas de habilidades para expandirmos além de áreas, departamentos e setores que serão totalmente reconfigurados. Só que para sermos capazes de enxergar essas novas combinações, primeiro precisamos ter certeza que estamos mapeando todo nosso acervo de habilidades.
Imagine que se a sua vida e trabalho formam um portfólio, suas habilidades são com a trilha sonora que o acompanha ao longo dessa jornada – uma verdadeira “playlist de habilidades" que vão muito além do que está no currículo hoje.
Por onde podemos começar a mapear essa playlist?
👉 Colecionando não só as habilidades que usamos com mais frequência hoje em dia, mas também todas as outras que já desenvolvemos em algum momento da nossa vida. E sim, aqui eu digo vida! Nada de olhar somente para sua linha profissional, mas tudo o que você já fez até aqui; sejam paixões que viraram hobbies, cursos extracurriculares, projetos nos quais você se envolveu, ações sociais e voluntariados, aquele papel que você desempenha na família e que todos sempre contam com você, a habilidade que seus amigos veem em você e te procuram pedindo ajuda, etc.
O segredo está em olhar além do óbvio, com curiosidade e sem julgamentos, para então podermos fazer novas conexões. Essa capacidade de integrarmos nossas experiências e talentos de uma forma única é o que nos diferenciará cada vez mais.
✍️ Um exercício prático para começar
Muitas vezes, somos nós mesmos que nos colocamos esses rótulos. Carregamos crenças rígidas, e às vezes inconscientes, sobre quem somos profissionalmente e o que podemos (ou não) fazer. Se você já se pegou dizendo algo do tipo: “sou de humanas, não mexo com tecnologia", "não sei liderar pois nunca tive uma equipe", "não sou criativo"… está na hora de quebrar suas ortodoxias:
Liste pelo menos 3 crenças que você tem sobre si mesmo.
Agora procure em sua história de vida algo que você tenha feito (em qualquer âmbito e momento) que contradiz isso que você escreveu.
Se você inverter as crenças que apontou acima, quais novas oportunidades surgem no seu caminho?
Apenas esse começo já pode te trazer insights sobre habilidades e possibilidades que você não esteja explorando.
E se tiver interesse em começar a trabalhar na sua transição de forma prática, com esse exercício e muito mais, considere migrar para a assinatura paga da newsletter e participar do workshop online da comunidade.
Quer se aprofundar no tema de hoje? Vale conferir o episódio “O que seu currículo não conta”, do Podcast Vem Cá.
Se você sente que esse é o momento de começar a construir sua transição, o Programa de Transição de Vida & Trabalho está com inscrições abertas para te receber nessa jornada pela qual você será guiado e acompanhado de perto.
Um pouco das minhas inspirações para ler também:
👉 Por que criar um portfólio e não um plano de carreira
Até a próxima semana!