O peso da escolha para a vida toda
Seja no trabalho, nos relacionamentos, nas paixões, na vida
Por muito tempo da minha vida eu fui tema de piada por estar sempre mudando de ideia. Eu lembro quando comecei a tocar teclado, pulei para o violão e, quando menos esperava, lá estava eu com minha pickup me aventurando como DJ.
Para mim, confesso, a riqueza nunca esteve em "casar" com uma única escolha para o resto da vida, mas sim em ter possibilidades e experimentar. Será que é por isso que, durante muito tempo, eu relutei tanto à ideia do casamento tradicional?! Rs... Mas esse papo fica para outro momento.
Já parou para perceber que desde quando somos crianças somos incentivados a escolher uma única coisa? E quando a gente sente que quer mudar de escolha…algo parece errado. E porque seria diferente com o nosso trabalho?
Photo by Yukon Haughton on Unsplash
O permanecer como símbolo de sucesso
Sair de um relacionamento de anos ou acabar com uma amizade de longa data, por exemplo, não são decisões fáceis de se tomar. Mas será que esse peso não é ainda mais reforçado pela reação das pessoas próximas a nós?
Você separou depois de 1 década juntos?
Você decidiu mudar de religião agora?
Vai fazer outra faculdade depois de anos?
O espanto já diz muito do quanto não estamos acostumados com a ideia de mudar de rota.
Pensemos nas gerações passadas: os avós comemorando 50 anos de casados ou o pai carregando a placa de 30 anos na mesma empresa sempre foram vistos como sinônimo de sucesso e respeito, de ter feito as escolhas "certas".
E, claro, essa mentalidade permeou nossa educação. Fomos criados ouvindo sobre a importância de “escolher para sempre" o curso, a profissão, o amigo, o parceiro. E o que é breve ou, pelo menos, não para sempre? Ah, esse não tem o mesmo valor!
A pressão que o “para sempre” nos gerou
Eu não sei você, mas eu me lembro muito bem da imensa responsabilidade que senti aos meus 17 anos tendo que decidir o que faria “para o resto da vida". Essa pressão, alinhada a uma baixa maturidade e falta de conhecimento sobre nós mesmos, acaba nos levando para uma escolha muitas vezes que nem nos representa.
E o que acontece quando, anos depois, percebemos que aquela escolha inicial já não faz mais sentido para nós (ou talvez nunca fez)? Nos sentimos desconfortáveis, quando não mal e fracassados.
Infelizmente, a ideia da permanência criou um estigma tão grande em torno da mudança que muitos se sentem mal com o desejo de mudar de rota pois encaram isso como um sinônimo de fraqueza, indecisão ou até mesmo crise.
Será mesmo que existe algo para a vida toda?
Mas aí a gente olha para a vida, a natureza... e o que vemos? Mudança constante! É só pararmos para perceber como espécies diversas sobrevivem para entendermos que a mudança e a adaptação são sinônimos de vida e evolução.
E para nós humanos não é diferente! Nossos interesses mudam, nossos valores se refinam, nossas prioridades se ajustam aos diferentes ciclos da vida. A pessoa que eu e você éramos há 15 anos não é a mesma de hoje, e certamente não será a mesma daqui a 10 anos.
Então, porque precisamos continuar "casados” com um caminho profissional que já não nos representa? Que não preenche os desejos e anseios de quem somos hoje?
“Ninguém pode entrar duas vezes no mesmo rio, pois quando nele se entra novamente, não se encontra as mesmas águas, e o próprio ser já se modificou.” Heráclito
A mudança não é apenas inevitável, ela é fundamental para o nosso desenvolvimento. Se não nos permitimos mudar, questionar, experimentar, corremos o risco de simplesmente seguir um roteiro que não nos pertence mais.
E, sejamos honestos: é muito mais fácil ficar no mesmo caminho, com a mesma escolha feita lá atrás. Basta não refletir, e seguir no piloto automático, ignorando os sinais de insatisfação.
Então, toda vez que você sentir o medo de ser visto como “aquele que não sabe o que quer", antes de se deixar dominar por ele, se pergunte primeiro: O que é mais pesado - o parecer perdido ou o desconforto de estar em um lugar que não é mais meu?
Essa pergunta é um convite para trocar a sua percepção da mudança como sinônimo de fracasso por oportunidade de crescimento. Ela ajuda a lembrar que se feitas de forma consciente, novas escolhas são um ato de coragem em um mundo onde todos esperam que você continue fazendo o mesmo sempre.
Se você está pronto para desafiar a ideia da “carreira para sempre" e ganhar clareza do que te move para fazer novas escolhas mais conscientes, eu te convido a embarcar no Programa de Transição com mais profissionais nessa mesma busca.
E lembre-se que:
Liberdade não é mudar tudo a todo momento. É fazer escolhas conscientes a cada nova fase, fiel a quem você vem se tornando em essência.
💡 Para se Inspirar Mais:
Hoje a dica é a música de Raul Seixas que se tornou hino absoluto sobre o direito de mudar de opinião e a fluidez de nosso ser. Se liga na letra ;)
Nos vemos na próxima semana!