Investir no humano em uma era artificial pode ser a melhor estratégia
Um apanhado sobre transição pela inteligência artificial
Eu seria mais uma pessoa a colocar na sua caixa um conteúdo sobre o período de transição sem precedentes que estamos vivendo com os avanços da Inteligência Artificial, se não fosse a minha paixão pelo humano. Por isso, se você também tem sentido a necessidade de colocar o ser humano no palco de novo, o conteúdo da newsletter de hoje é para você.
Vamos abordar sim a tecnologia, mas como pano de fundo para falarmos sobre a revolução humana que está por vir. Afinal, a IA está dando espaço para transformarmos não somente a maneira como trabalhamos, mas também como vivemos. Pode parecer desafiador, mas prefiro ver – e te convidar a ver comigo – a oportunidade única para muitos de redefinir suas trajetórias investindo naquilo que os torna humanos.
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Os dados mostram “onde"
O fenômeno IA reflete a dualidade da automação: enquanto certas funções se tornam obsoletas, novas oportunidades vêm emergindo e continuarão em cenários que ainda nem conseguimos visualizar.
O relatório "Future of Jobs Report 2023" do Fórum Econômico Mundial apontou que quase um quarto dos empregos (23%) em todo o mundo sofrerá mudanças significativas nos próximos cinco anos. Funções que envolvem tarefas repetitivas e análises de dados com precisão, por exemplo, serão um prato cheio para automatizações, entre elas:
Operadores de Telemarketing
Trabalhadores de Linha de Produção
Funcionários de Caixa
Analistas de Dados
Assistentes Administrativos
Os mais impactados já conseguimos imaginar, mas isso não significa que as mudanças pararão por aí. Tem uma máxima que quem trabalha com inovação já ouviu: "nada se cria, tudo se recria". Mas, para recriar, para onde devemos olhar?
O passado mostra “como"
Para recriar o período de transição que estamos vivendo hoje com a ascensão da IA precisamos olhar para a história e entender como a introdução de novas tecnologias remodelaram mercados e sociedades.
Um grande exemplo foi a introdução de máquinas a vapor e a mecanização da produção que transformaram profundamente o mercado durante a denominada Revolução Industrial no final do século XVIII e início do XIX.
Muitos empregos manuais feitos em casa ou pequenas oficinas foram substituídos e levados para grandes fábricas com suas máquinas de produção têxtil e, agora, operadores para elas.
Enquanto que a transição do uso de madeira para carvão e, eventualmente, para o vapor, permitiu que essas fábricas se concentrassem em áreas urbanas, contribuindo para o crescimento das cidades industriais.
Ao mesmo tempo em que o transporte ferroviário é introduzido, impulsionado pelas locomotivas a vapor, transformando toda a locomoção de bens e pessoas.
Não foi somente o trabalho que mudou, mas também a forma como se locomoviam e vivam. Assim como a Revolução Industrial, a era da IA também está remodelando muito além do mercado de trabalho.
Muitos terão que se adaptar a esse novo cenário e isso passa por começar a olhar para novas oportunidades que surgem em áreas que requerem habilidades que as máquinas ainda não podem replicar. Mas como encontrar essas oportunidades? O mesmo relatório citado anteriormente traz uma pista disso: antes de olhar para profissões completamente novas, que tal olhar para suas habilidades?
O lado humano ainda em descobrimento
Em seu ranking de "core skills" (veja imagem abaixo), ou seja, habilidades necessárias para profissionais em 2023, entre as 5 primeiras posições notamos que profissionais precisam cada vez mais investir no desenvolvimento de habilidades interpessoais, criatividade, empatia e capacidade de adaptação.
Para várias atividades que ainda precisam de interação humana, pois há coisas não replicáveis pelas máquinas, essas habilidades continuarão a ser valorizadas. Mas há também outras grandes oportunidades surgindo em áreas nas quais se faz necessário lidar com ou compreender as emoções.
São nossas habilidades humanas que nos tornarão pessoas indispensáveis nesse cenário de constante mudança:
A Curiosidade por aprender e descobrir o novo;
A Criatividade para gerar ideias originais;
A Resiliência para resistir e continuar;
A Flexibilidade para mudar e se adaptar;
A Motivação como impulso para agir.
Você precisa encontrar o seu “porquê"
Como vimos, as máquinas podem ser incrivelmente eficientes, mas elas nunca poderão substituir a essência do ser humano. A lista aí acima mostra as habilidades que te tornam indispensável, mas eu gostaria de me atentar em especial a uma delas que te traz a oportunidade de se tornar único: a motivação. E que, infelizmente, é o que cada vez mais vejo em falta nas pessoas hoje em dia: a habilidade de encontrarem sua própria motivação.
Estamos falando aqui daquilo que te faz levantar da cama todos os dias, seja por qual razão for: melhorar de vida, deixar um legado, concretizar seu sonho de criança, fazer parte de uma sociedade mais justa, construir um mundo melhor para seus filhos, enfim.
Entender o que te realiza e te traz sentido é tarefa de cada um, e ninguém poderá fazer por nós. É um caminho individual ao encontro da nossa essência que precisa ser transitado.
Isso te possibilita:
Autoavaliar e dar valor a tudo aquilo que você foi colocando em sua bagagem e carrega consigo atualmente;
Aperfeiçoar e, ao invés de buscar mil cursos de forma genérica, colocar foco no que for necessário olhando as novas oportunidades;
Experimentar novas atividades e formas de atuação, antes mesmo de fechar as portas anteriores;
Contar sua história e comunicar o que de mais valioso existe em sua experiência;
Expandir suas conexões com pessoas que podem inclusive te abrir novas portas e oportunidades.
A partir daí será muito mais fácil você se posicionar nesse mundo de constante mudança e encontrar aquele que é o seu lugar.
💥 Curiosidade sobre o tema
🖥️ Falando em humano vs robô, se você ainda não conseguiu entender a razão daquela caixa “Eu não sou um robô” que frequentemente aparece nos websites que visita, pedindo para que você prove ser um humano e não um robô, você não está sozinho. E por mais idiota que possa parecer, aquela série de quebra-cabeças visuais te pega por você não conseguir enxergar um pedaço da faixa, do semáforo ou da bicicleta faltando.
Mas a pergunta é: por que os robôs não conseguem clicar nela se eles fazem coisas bem mais avançadas que isso? Na verdade, eles podem facilmente clicar nela, mas o pulo do gato aqui está no “como” eles clicam nelas.
A maneira como nós somos identificados como humanos, acredite se quiser, é o quão lento e ineficiente somos ao fazer aquilo em comparação a uma máquina. Apenas mais uma informação para entender que máquinas são boas em coisas repetitivas e não únicas e inovadoras 😉.