Faz sentido fazer sentido?
“Essa vida que levo hoje não faz mais sentido para mim.
O que faço não faz mais sentido para mim.
Eu achava que tinha um sentido e estava seguindo-o.
Em qual momento eu me perdi?”.
Parte de um diálogo que presenciei recentemente de uma pessoa questionando seu viver. Mas essa é uma questão que tenho ouvido com cada vez mais frequência. Em qual momento realmente paramos de ver sentido no que fazemos?
Pode ser que você ainda não tenha parado para perceber todo o significado que o termo fazer sentido carrega e o quanto ele pode dizer sobre o que somos e o que buscamos.
A frase faria muito sentido para todos se ela fosse empregada de forma natural para expressar nossas sensações. Como? Quantas vezes você se permitiu primeiro sentir para depois agir?
Historicamente fomos perdendo essa habilidade de procurarmos as respostas dentro de nós mesmos. E o fazer sentido acabou adquirindo uma função meramente de reforço das coisas coerentes com padrões que nos identificamos por algum tempo.
Faz sentido fazer isso porque todos próximos a mim fazem.
Faz sentido assumir isso porque é o que a sociedade espera de mim.
Faz sentido escolher isso porque é o que os outros estão escolhendo.
A partir desse momento, deixamos de lado o que faz sentido para nós para perseguir o que faz sentido para a maior parte das pessoas ao nosso redor. Ao irmos contra o nosso próprio sentido e querermos nos afirmar em coisas que não são verdades para nós mesmos, estamos disparando o gatilho das perguntas que de tempos em tempos nos assombram sem respostas.
Faz sentido ter esse trabalho?
Faz sentido perseguir essa carreira?
Faz sentido ter filhos?
Faz sentido continuar nesse relacionamento?
São perguntas que nos questionamos a todo momento. Se toda vez que pronunciarmos esse termo, buscarmos ouvir nossas sensações ao invés de seguir apenas algo que parece normal para nós por repetidamente termos visto e ouvido, as nossas chances de estarmos fazendo o que faz sentido para nós seriam bem maiores.
Para você que sempre foi muito racional, talvez pareça papo de doido falar sobre o sentir. Também seria loucura minha esperar que, em uma sociedade na qual somos ensinados a esconder nosso sentir, tenhamos mestres em sentir.
Acabamos por reprimir em nós a linguagem mais natural e primordial do ser humano. Estamos deixando de lado a melhor bússola que podemos ter para decisões e ações em nosso dia a dia.
Mas o medo inerente do fazer diferente e escolher de uma forma diferente trava a possibilidade de experimentarmos essa nova forma de agir. Mas se não mudar, que sentido há em continuar fazendo o que não faz mais sentido?