Em qual transição você está hoje? 🧐
Um pouco mais sobre as transições na sua vida, como romper com antigos papéis e se reinventar...
Se essa pergunta fosse feita para gerações passadas, talvez a resposta pudesse ser: “nenhuma”. Hoje, as chances de você estar passando por uma transição nesse momento em sua vida são bem altas.
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Por quê? Se olharmos para as gerações anteriores às nossas, a vida era para uma grande maioria das pessoas dividida em três principais estágios:
o estágio inicial dedicado ao aprender, ganhar conhecimento e desenvolver habilidades;
o estágio intermediário, um pouco mais longo que o primeiro, dedicado ao trabalhar e conquistar um espaço na sociedade;
o estágio posterior no qual as pessoas desfrutavam os frutos que haviam plantado até então.
Será que esses estágios ainda fazem sentido? Mas se não se aplicam mais, por que muita gente ainda parece se esforçar para seguí-los? Lutam e colocam seus esforços em bater as “metas” e exigências impostas em cada momento como forma de alcançar algo ou apenas se sentir feliz em seguir o modelo?
Esse é um padrão de pensamento e modo de vida que vem sendo desafiado com tanta coisa mudando ao nosso redor, e nós também mudando e nos adaptando a tudo isso.
Com uma frequência cada vez maior, estamos alternando entre esses três estágios, sem necessariamente ter um período demarcado para cada um deles, inclusive sobrepondo um ao outro.
O que era visto como padrão hoje já não conversa mais com a sociedade na qual vivemos, e principalmente com as vontades que cada ser humano têm trazido à tona e felizmente colocado acima de normas criadas.
Mas então, por quantas transições passamos na vida?
Considerando o que muitas ciências e áreas do conhecimento (sociologia, psicologia, filosofia, antropologia, antroposofia e por aí vai) hoje já têm como foco de estudo, nossa própria natureza como seres humanos é de transição e somos marcados por ciclos que giram em torno de 5 a 7 anos.
No entanto, dentro desses macro ciclos temos diversas outras transições acontecendo. Mudamos de trabalhos, nor tornamos mães e pais, começamos novas carreiras, mudamos de lugar, vemos os filhos deixarem seus ninhos, estendemos as oportunidades de educação, criamos nossos próprios negócios, nos aposentamos e queremos novas formas de continuarmos ativos, ao mesmo tempo em que ao longo de todas essas mudanças buscamos ter períodos de descanso e recuperação.
Só isso já seria o suficiente para de forma prática ilustrar de quantos ciclos a vida é composta. No entanto, o mundo atual cada vez mais tem nos chamado para viver nesse estado de transição.
São diversos os fatores internos e externos a cada um de nós, mas entre os principais podemos listar:
O ritmo acelerado dos avanços tecnológicos;
A longevidade e o tempo estendido de atividade e, por consequência, produtividade da sociedade;
A aquisição contínua e facilitada de novos conhecimentos;
As novas estruturas familiares;
O desejo de criar impacto e construir legado;
Os novos modelos de trabalhos e organizações.
Estamos em uma sociedade que cada vez mais nos convida a repensar a nossa atuação e nos abre oportunidades para nossa própria reinvenção.
Vemos grandes movimentos querendo reforçar mudança e não limites de papéis:
o pai não precisa ser somente trabalhador e provedor;
a mãe não quer ser somente cuidadora;
o filho não tem que ser dependente;
o aposentado não quer ser inativo.
Aceitar o desconforto como parte natural da transição
Por que mesmo desejando, muitos ainda são desafiados por encontrar esse novos papeis e se sentirem bem nele?
O primeiro grande motivo é porque transições nos colocam em um estado liminar, como os antropólogos chamam, no qual você precisa navegar entre um passado que não existe mais e um novo que ainda é incerto. E isso é desconfortável principalmente para aqueles que se acostumaram a perseguir objetivos claros em um caminho já trilhado.
O segundo motivo, conectado ao anterior, é que para criar seus próprios objetivos e caminhos cada indivíduo precisa ter muito claro consigo mesmo quem ele é e o que sua pessoa deseja conquistar por aqui.
Como o escritor americano Bruce Feiler descreveu, após investigar histórias de pessoas e suas transições de vida, as transições são oportunidades autobiográficas.
“É um momento em que você precisa se REAPRESENTAR a si mesmo e às pessoas ao seu redor.” - Bruce Feiler
Será que podemos nos acostumar a mudar?
Vários estudos hoje nos mostram que é possível desenvolvermos nossa habilidade para trafegar melhor na mudança, desde a forma como pensamos (nosso mindset) até a forma como sentimos e agimos.
Então, por onde começar?
Aceite que a mudança é inevitável e faz parte da vida;
Identifique suas raízes, que são seus valores, como base da transição;
Aprenda a reconhecer e nomear seus sentimentos;
Crie um sistema e uma rede de suporte para trafegar por esse período.
Transição sem desconforto é ilusão. Não há como sair de um papel ou posição na vida sem trafegar por áreas cinzas; nem tudo estará claro logo de cara. Então, os passos acima procuram envolver pelo menos os principais gatilhos acionados durante esse processo e auxiliar na construção de uma transição menos desconfortável.
💥Pílula de inspiração sobre o tema: deixo aqui abaixo um TED Talk do Bruce Feiler (citado acima) para quem quiser ir mais a fundo no tema.