É muito fácil se acostumar
Nos acostumamos com o mesmo caminho todo dia.
A mesma padaria toda manhã.
O mesmo corte de cabelo e visual.
A mesma disposição dos móveis em casa.
As mesmas pessoas ao nosso redor.
Os mesmos lugares que visitamos.
Nos acostumamos com o mesmo trabalho.
Nos acostumamos com a rotina.
Nos acostumamos com o mesmo jeito de viver.
Nos acostumamos a fazer as mesmas escolhas.
Nos acostumamos a dizer sim o tempo todo.
Nos acostumamos a calar quando o que mais queríamos era falar.
Nos acostumamos a prender o choro e esconder as emoções.
Nos acostumamos aos papéis que já não nos fazem mais felizes.
Só que de tanto nos acostumarmos com tudo do mesmo jeitinho ao nosso redor, vamos criando um abismo enorme entre onde estamos e onde gostaríamos de estar, o que fazemos e o que realmente sentimos tesão em fazer, como agimos e como de fato queríamos agir.
Como é difícil sair daquele quadrado chamado zona conhecida que a todo momento precisamos ter certeza de estar trafegando dentro de suas bordas para nos sentirmos bem. Isso nos dá um alívio imediato e traz a sensação equivocada de domínio da situação.
Vamos segurando esses desejos não atendidos, essas vontades reprimidas, esses ímpetos contrariados, até o momento em que isso se acumula dentro de nós gerando uma presão imensa e, de alguma forma, precisa ser expelido.
Nossa ansiedade por respostas rápidas e efeitos imediatos fala mais alto e lá sadismo nós em busca de querer sair do chão e chegar à Lua em 5 passos e 20 vinte dias.
O que acontece? Vamos pegar uma situação bem típica que você já pode ter enfrentado ou ao menos conhece alguém próximo a você em determinada situação.
A pessoa nunca gostou de fazer exercícios na vida e, no domingo à noite, se compromete com a meta de ir para a academia 6 dias na semana; sim, inclusive aos sábados pela manhã, a partir da segunda-feira.
Intenção linda, mas que antes mesmo do fim da primeira semana vira mais uma tentativa frustrada de mudança. E voltamos ao ciclo do se acostumar que falamos lá em cima.
Não falamos que somos seres que nos acostumamos? Pois da mesma forma, precisamos aqui dar a chance a nós mesmos de nos acostumarmos com a nova situação que queremos criar em nossas vidas.
Mudanças vêm para nos tirar de situações de conforto, mas não precisam ser definidas de forma repentina e bruscas.
Temos que criar o máximo possível de estrutura para que possamos sustentar a mudança, senão ela vira apenas um salto sem aterrisagem.
A autora do livro "How to Change", Katy Milkman, que é especializada no comportamento humano em processos de mudança comenta sobre a importância de termos consciência do desconforto envolvido em tais fases e fazermos usos de estratégias para driblarmos as tentações que aparecerão no curto prazo para perseguirmos mudanças no mais longo prazo em nossas vidas.
O protótipo do novo em sua vida
Uma das estratégias que gosto muito é inspirada no mundo do empreendedorismo e inovação em negócios, mas que pode facilmente ser aplicada à inovação pessoal. Nós, como os negócios, também precisamos de pequenos passos para conseguir construir pontes e atravessar o abismo que criamos para chegar a novas versões do que queremos, seja de comportamentos e atitudes, uma carreira nova, uma nova dinâmica de vida.
Na linguagem do mundo dos negócios, os pequenos passos são chamados de protótipo ou você já deve ter ouvido a comum sigla MVP (mínimo produto viável) ou seja, a versão esboço que você possa construir que represente um passo para o desejado.
Em nossas vidas a situação não é diferente. Precisamos procurar por formas criativas de estabelecer passos pequenos e testar o novo que queremos levando em consideração três critérios: simplicidade, acessibilidade e rapidez.
Ao invés de uma mudança extrema de carreira, que tal entrevistar pessoas na função e experimentar um pouco as novas atividades relacionada a esse trabalho? Mas encare como trabalho e não hobby.
Ao invés de uma mudança repentina para o meio do mato com a família, que tal achar uma forma de passar parte da semana em um lugar parecido para entender a dinâmica? Mas encare como um lugar para morar e não passar o fim de semana.
Ao invés do trabalho 100% remoto e nômade, como seria começar a trabalhar de locais diferentes viajando para lugares remotos? Mas encare como trabalho e não passeio.
Só assim você conseguirá se colocar em novas situações e de fato experimentar aquilo, descobrindo o que é positivo e negativo para você, quais serão os seus maiores desafios e como minimizar o desconforto.
E então, qual próximo passo você pode dar ainda hoje para essa mudança?