É cedo demais para desistir…
Mesmo com tanta mudança acontecendo e expectativas de vida sendo prolongadas globalmente, ainda é muito comum ouvirmos a frase ”Estou velha ou velho demais para mudar”. E ainda mais comum é ouvirmos isso de pessoas na casa dos 30 anos de vida (senão antes).
Porque nos achamos velhos demais para mudar e recomeçar?
Qual é essa cronologia que usamos como balizadora das nossas vidas?
Que tipo de relação é essa que criamos com o tempo?
Estamos sempre correndo e acelerando, mas mesmo assim parece estarmos sempre atrasados. Você vai dizer que o que mais ouve por aí são pessoas pedindo por mais tempo. Eu ouso dizer que o que essas mesmas pessoas estão fazendo é “matar" o tempo que elas têm.
Mas se me permitir, vou ainda mais longe. As pessoas estão “morrendo" antes do tempo. Elas estão aos poucos decretando seu próprio estado de morte – a morte de seus sonhos, desejos, suas vontades e aspirações. A morte de suas próprias capacidades.
E ao invés de valorizarmos o lado positivo que o tempo nos traz com a experiência, maturidade, paciência e o discernimento, a idade é associada somente ao peso negativo do velho, imutável e engessado.
Como se o velho não tivesse seu valor.
Como se o velho um dia não tivesse sido novo também.
Como se o velho não tivesse a capacidade de se reinventar e virar novo de novo.
Quando trabalhamos com a Antroposofia, uma das coisas que descobrimos é que o auge de nossa autenticidade chega próximo dos nossos 35 anos. É a partir daí que temos real clareza do que viemos fazer e podemos oferecer ao mundo como algo só nosso, autêntico e genuíno.
Esse é como se fosse um começo de um grande ciclo em nossas vidas. É como se até então estivéssemos nos preparando para desempenhar tal papel. E, a partir dali, estamos prontos para construir uma jornada autoral. Como então pensar em ser tarde demais para realizar algo antes mesmo de saber o que se veio realizar?
Toda vez que lembro disso me pego dando risada ao recordar dos pensamentos que também rodearam minha mente sobre estar velha demais para mudar de vida aos 36 anos. Aquele tipo de pensamento que vem em primeiro lugar para barrar nossas ações ao enfrentarmos o desconhecido, o novo e não usual.
Sou feliz em ter próximas a mim duas mulheres no auge dos seus mais de 70 anos “realizando" e muito! Uma delas nunca desistiu de desbravar o mundo em suas viagens pelos lugares mais inusitados do mundo deixando muitos mochileiros de plantão de boca aberta. A outra resolveu mais uma vez começar um novo empreendimento, dessa vez voltado para auxiliar pessoas da melhor idade a contarem suas histórias para o mundo.
Elas me lembram todo dia de que é cedo demais para desistir!
Nosso entorno se torna nossa referência, a qual influencia nossas atitudes. Por isso, lembre-se se sempre de cercar-se de pessoas que te inspirem assim.