Deixe sua carta para quando voltar para casa
Pode ser o seu lembrete para quebrar o habitual da zona de comforto
Mudamos de casa e qual a primeira coisa que fazemos na tentativa de nos sentirmos melhor? Transformamos a nova casa em um lar, ou seja, em “nossa casa”. Pintamos uma parede, colocamos o vaso, penduramos os quadros e arrumamos a cama do jeitinho de sempre.
Lá estamos nós no caminho de volta ao que já conhecemos para nos sentirmos “em casa”. É a nossa forma de transformar a situação em algo mais parecido e próximo do que já estamos acostumados. É a nossa arma de defesa frente ao desconhecido. Uma dinâmica que nos acompanha em qualquer processo de mudança.
Você pode ter mudado de escola para melhor se concentrar nos estudos e logo estava lá se aproximando da mesma turma de amigos do fundão, famosos pela bagunça no colégio. Você pode ter mudado de trabalho e de chefe para não ter que lidar mais com determinadas situações injustas, mas tempos depois se vê, mesmo que em projetos completamente distintos, nas mesmas situações desagradáveis com seu novo empregador.
Tem algo de errado nisso? Não. Afinal, você está em movimento e tomou a decisão de sair de posições para ir em busca de novas em determinados momentos da sua vida que o velho já não lhe servia mais. Mas é muito comum em casos como esse a nossa necessidade de querer trazer para mais perto de nós o diferente, pois fica mais fácil de encará-lo principalmente no começo, quando tudo é novo e pode ser assustador para muitos.
Tem algum ponte de atenção aqui? Sim! Afinal, mudamos porque queremos encontrar algo novo lá fora. Mudamos porque acreditamos que é possível transformar a situação. Mudamos para fazer diferente, morar diferente, estudar diferente, trabalhar diferente, etc. Mas então o que nos leva ao igual novamente? A força não só dos nossos hábitos, mas também das nossas emoções que já se tornaram padrões em nossas vidas.
Se no café da manhã você come pão com manteiga e café com leite, não é porque mudou de vizinhança que você começará a comer croissant com geleia e chá. Com as emoções é a mesma coisa, se você viveu parte da sua vida com aquela sensação de rotina pesada e difícil, por mais que você trabalhe somente meio período e possa gozar as demais horas do seu dia, o que faria muita gente sair distribuindo sorrisos por aí, pode ser que mesmo assim você não consiga se desvencilhar daquela sensação de peso que sente nas costas.
Eu mudei de País, atravessei oceanos e fui para o outro lado do mundo. Por um minuto achei que isso bastava para mudar de vida, e talvez esse tenha sido um dos meus maiores aprendizados sobre mudança.
Toda mudança desafia que olhemos para dentro para mexer naquilo que carregamos conosco, senão o risco de somente sairmos de onde estamos mas não chegarmos a lugar algum é grande.
Então, se já sabemos que corremos esse risco de querermos voltar para casa na maior parte das mudanças em nossas vidas, o que fazer para nos lembrarmos do nosso desafio de mudar apesar de estarmos nos sentindo em casa?
Escreva uma carta para você mesmo como forma de lembrete para a mudança que deseja fazer. Assim toda vez que você estiver sentindo que esteja voltando para casa, lembre-se da carta na caixa do correio para ser lida. Ela é como um alerta para seus hábitos, comportamentos e emoções habituais. Te ajuda não só a estar em alerta para aquilo que não você não quer e nem precisa carregar mais contigo, mas também é uma uma forma de manter o comprometimento com o novo em sua vida.